quarta-feira, 22 de março de 2017

EUA ameaçam Coreia Popular e elevam a tensão na Península Coreana


Militares dos EUA em um dos exercícios conjuntos com a Coreia do Sul em território coreanoMilitares dos EUA em um dos exercícios conjuntos com a Coreia do Sul em território coreano
Tillerson disse que a política de “paciência estratégica” do ex-presidente Barack Obama com o programa nuclear de Pyongyang acabou.

A ameaça de Tillerson é feita na mesma semana em que gigantescos exercícios militares entre EUA e Coreia do Sul, batizados de “Key Resolve e Foal Eagle”, elevaram a tensão na península coreana. Segundo a agência de notícias da Coreia Popular, KCNA, além do arsenal nuclear que os EUA controla instalado em bases da Coreia do Sul, desde o fim de 2016 os americanos levaram para este país (na prática uma colônia ocupada por milhares de soldados estadunidenses) mais de 6 milhões de toneladas de munições e armamentos. Diante disso, não resta alternativa a Coreia Popular, segundo a KCNA, senão “o justo direito de um Estado soberano a autodefesa”. Ainda segundo a agência, “graças à dissuasão nuclear defensiva tem sido possível preservar a paz na Península Coreana em meio às extremas manobras do imperialismo ianque para provocar a guerra”.
Tillerson, assegurou, por outro lado, que “certamente não queremos que as coisas cheguem a um conflito militar (mas) se eles elevarem a ameaça de seu programa armamentício a um nível que acreditamos que exige ação, essa opção está na mesa”.
A contraditória “prudência” de Tillerson é explicada, segundo a agência Reuters “dado o perigo de iniciar uma guerra regional e provocar grandes baixas no Japão e na Coreia do Sul e entre dezenas de milhares de soldados norte-americanos sediados nos dois países aliados”.
A história ensina
Oficiais da Coreia do Sul mandavam degolar os soldados inimigos aprisionados
Oficiais da Coreia do Sul mandavam degolar os soldados inimigos aprisionados
Foi enfrentando a Coreia Popular (1950-1953) que os EUA sofreram a primeira derrota militar em uma guerra. Para tentar derrotar o heroico inimigo, os EUA e seus aliados usaram massivamente o bombardeio de alvos civis inclusive com armas químicas e bacteriológicas. As forças títeres sul-coreanas ficaram conhecidas pela barbárie, alegremente incentivada pelos seus “aliados” estadunidenses.
Com tudo isso, no entanto, tiveram que se retirar vergonhosamente. O armistício de Panmujon, assinado em 27 de julho de 1953, foi uma clara derrota do imperialismo americano, que contou 150 mil soldados entre mortos e feridos.
O verdadeiro alvo
Apesar de a retórica do governo Trump colocar no centro do alvo a Coreia Popular, todos sabem que o verdadeiro alvo das manobras dos EUA na Península Coreana é a China. Com o pretexto de “enfrentar a ameaça da RPDC”, os Estados Unidos planejam instalar o Terminal de Defesa Aérea de Grande Altitude (THAAD) um escudo antimísseis que bloqueia totalmente a China e não deixa de afetar a Rússia.
Já em 2016, tanto a China quanto a Rússia alertaram os EUA de que estavam a par da artimanha. No dia 15 de fevereiro daquele ano, a China apontou que “esta medida (a instalação do escudo antimísseis) não será útil para reduzir as tensões atuais e não favorecerá a manutenção da paz e a estabilidade na região, pelo contrário, prejudicará os interesses estratégicos de segurança da China”. Um dia depois expressou sua “firme oposição às tentativas dos países implicados (EUA, Coreia do Sul e Japão) em prejudicar os interesses estratégicos e de segurança da China, utilizando a questão nuclear como pretexto”. No mesmo tom a Rússia denunciou que os testes nucleares da RPDC foram “uma boa desculpa para anunciar o início das negociações (sobre o escudo antimíssil na Península Coreana)”.
O secretário de estado do governo Trump irá neste sábado a Pequim (18), onde tentará “pressionar” o governo Chinês a ser mais assertivo na conduta com Pyongyang.
Tillerson, ex-executivo de uma petroleira sem traquejo diplomático, terá que usar toda a sua habilidade para convencer a China de que a única preocupação dos EUA é com a paz na Península Coreana, coisa pouco provável, pois os dirigentes chineses conhecem história e sabem o que de fato está em jogo.
*Jornalista, membro da Comissão de Política e Relações Internacionais do PCdoB

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