domingo, 24 de abril de 2016

TABIRA: O PROFESSOR PODE FALAR SOBRE POLÍTICA EM SALA DE AULA?

REFLEXÃO DA SEMANA Nº 56

Por Dedé Rodrigues



Bom dia meus amigos e minhas amigas ouvintes do Programa Tabira em Tempo. Esta semana um blogueiro de Tabira, dirigente do PPS local, escreveu um texto no  whatsapp dele me acusando de reprovar  alunos que discordavam da minha opinião sobre o processo de impeachment que a Presidenta Dilma está sofrendo.  A reprovação, segundo ele,  se daria  quando o aluno discordava  de mim na prova sobre o termo  golpe,  no lugar de impeachment. Ele cita o meu partido e ainda faz críticas a minha Escola Arnaldo Alves Cavalcanti.  Esse mesmo cidadão, pai de uma das minhas alunas, foi convidado à escola para se explicar e saiu convencido de que estava equivocado e prometeu fazer uma nota no whatsapp dele desconstruindo a calúnia que fez.  Na verdade ele estava confundindo uma questão objetiva de múltipla escolha com uma questão dissertativa ou opinativa. Espero que o equívoco dele termine por aí. Porém esse episódio me inspirou a responder a seguinte questão:  o professor pode falar sobre política em sala de aula? 


O equívoco desse cidadão, não sei se  ele sabe, faz parte de um posicionamento conservador no país de que o professor não deve falar sobre política em sala de aula. Pensadores e educadores fundamentais para o conhecimento da vida e das ciências sociais como Paulo Freire e Karl Marx são criticados em manifestações conservadoras contra a  Presidenta Dilma,  chegaram  até a defender a retirada desses teóricos dos livros didáticos e da educação brasileira. Um completo absurdo!
Ora! Como posso não falar em política ensinando Sociologia Hoje, que agora tem Antropologia e Ciência Política no currículo para o 3º Ensino Médio? Como posso abordar os conteúdos: Regime Político, Estado, Democracia e Partidos Políticos sem falar em política? Só se eu for ensinar e aprender no planeta Marte. Lá não tem civilização, porém não tem política.

Além do mais,  nenhum professor  é neutro em relação a política em sala de aula. A suposta neutralidade do professor é  falsa. Como dizia Paulo Freire: ou você está do lado do opressor ou do lado do oprimido. No caso do Brasil hoje ou você é a favor do impeachment de Dilma ou é contra ele, como eu. A diferença é que na minha sala de aula existe plena  democracia e o respeito ao contraditório e a diversidade. Lá a gente debate tudo, mostrando sempre o dois lados da moeda. Isso não tem nada a ver com a avaliação do aluno ou com a opinião dele, que sempre a respeitei. Estamos vivendo em uma democracia, na qual a Constituição de 1988 garante que “É livre  a manifestação do pensamento, vedado o anonimato”. Só a Ditadura Militar impedia o livre debate. Os golpistas agora querem também limitar a nossa liberdade. Querem amordaçar o professor e encontram gente disposta a repercutir ou concordar com tal arbitrariedade.

Para os conservadores, os mesmos golpistas que estão hoje querendo o impeachment de Dilma sem haver crime de responsabilidade, a educação libertadora de Paulo Freire é uma ameaça. Pois esse mestre nos ensina que “seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitisse as classes dominadas perceberem a exploração de forma crítica.” Paulo Freire ainda disse que: “Quando a educação não é libertadora o sonho do oprimido é ser também opressor”.
Vejam como é importante para a elite econômica brasileira,  os ricos,  que os pobres pensem como eles e votem neles. Não é atoa que temos um Congresso Nacional muito Conservador, com a grande maioria  de deputados compradores de votos,  metidos em todo tipo de maracutaia e corrupção.  São os mesmos eleitores,  inocentes pobres ou pobres inocentes, mal educados ou mal informados sobre política,  que votaram naqueles deputados golpistas. Os  pobres votaram neles, pensando como eles, mas   continuam cada vez mais pobres,   com a ilusão de ficarem ricos. Pois bem: são aqueles mesmos deputados que votaram a favor do impeachment de Dilma, que em um possível governo Michel Temer,   vão tirar muitos dos nossos direitos, pois já tem lá  muitos projetos deles que rasgam a nossa CLT e tiram direitos trabalhistas.  Jamais haverá justa distribuição de renda com pobre votando em rico.  Jamais a classe trabalhadora, o proletariado,  vai adquirir o status de burguês.  A riqueza do burguês é produto do trabalho dos pobres, dos operários, como ensina Marx e,  não o contrário.
A Escola, meus amigos, não pode ser uma mera reprodutora de conteúdos prontos e acabados com a ideologia burguesa.  Toda ciência está em evolução e todo conteúdo precisa ser contextualizado, atualizado. Toda ideologia tem a sua contra ideologia. 

Como diz Leci Brandão: É na sala de aula onde se forma o cidadão. É  na sala de aula onde se constrói a democracia no Brasil. É na sala de aula onde se ensina o que é política, sem partidarismo ou doutrinarismo,  o que é justiça, o que é  liberdade, o que é  igualdade e o que é fraternidade. É na sala de aula onde se ensina o respeito a opinião e a opção do outro; é na escola onde se combate a homofobia, o preconceito,  o bulling etc. Enfim, meus amigos e amigas, é na sala de aula onde se constrói uma nação brasileira, mais fraterna, mais igualitária e mais democrática. A escola não pode deixar de cumprir a sua função social, caso contrário,  ela perderá o significado para a classe trabalhadora.  

VIVA À LIBERDADE!
VIVA À DEMOCRACIA!
VIVA À ESCOLA ARNALDO ALVES CAVALCANTI!






Nenhum comentário:

Postar um comentário