sábado, 23 de abril de 2016

Os 146 anos do revolucionário Lênin


Fosse vivo, o revolucionário russo Vladimir Ilyitch Uliánov estaria comemorando 146 anos – ele nasceu em 22 de abril de 1870. 

Por José Carlos Ruy


Arquivo histórico
  
Ele adotou, desde 1902, o apelido com o qual ganharia o coração dos revolucionários em todo o mundo: Lênin, inspirado no rio Lena, que passava pelo vilarejo onde esteve desterrado pelo czarismo em punição por suas atividades revolucionárias.

O uso da palavra revolucionário para definir Lênin não é apenas retórica. Ela indica sua capacidade genial de superar-se a si mesmo seja no plano diretamente político, seja também (e principalmente) para mudar de opinião quando as circunstâncias o impõe. 

Como dirigente político e partidário, Lênin foi talvez a expressão mais acabada da capacidade de acompanhar, no pensamento, as mudanças que ocorrem no mundo real e concreto, com consequências práticas e teóricas.

Aliás prática e teoria que, em Lênin, sempre andaram rigorosamente unidas. E inspiraram algumas de suas tiradas famosas, como não há ação revolucionária sem teoria revolucionária; ou é preciso sempre basear a ação na análise concreta de situações concretas.

Como revolucionário político, Lênin foi o construtor do partido social democrata que dirigiu a revolução russa de 1917. 

Partido baseado na formulação original que, reconhecendo a falta de unidade em torno de algumas questões, garantia a ação unitária em torno do principal: foi ele quem formulou, definiu e implantou o centralismo democrático (as decisões tomadas coletivamente devem ser cumpridas por todos no partido, da direção ao mais recente filiado). 

A construção do primeiro estado operário da história é outro aspecto da visão revolucionária de Lênin sobre o processo histórico e político. 

Essa compreensão foi manifestada, entre outras ocasiões, na convicção leninista de que o estado que surgiu da Revolução de 1917 ainda não era um estado operário completo, mas ainda democrático-burguês. 

Um dos momentos em que esta compreensão apareceu foi na polêmica travada com Trotsky sobre os sindicatos, em 1920/1921. Contra a proposta trotsquista de militarização dos sindicatos, da economia e do trabalho, Lênin defendeu a liberdade sindical para dotar os trabalhadores de um instrumento para sua defesa perante o estado que ainda não era completamente operário, mas democrático-burguês, devido à aliança operário-camponesa que estava em sua base e tinha tarefas democrático-burguesas a serem cumpridas. 

Além de político, Lênin foi um revolucionário na teoria e isso o inscreveu na plêiade dos grandes pensadores materialistas de todos os tempos. 

Lênin compreendeu a unidade rigorosa que há entre prática e teoria. Formulou a base verdadeiramente materialista-dialética do que ocorre no cérebro de cada um de nós, nas atividades mais comezinhas do dia a dia. 

Não foi um caminho fácil. Em 1909, na obra Materialismo e Empiriocritiismo (uma crítica aguda da filosofia reacionária que contaminava o movimento revolucionário), Lênin formulou a difundida teoria do reflexo, segundo a qual o mundo objetivo se reflete no cérebro dos homens e forma as categorias conceituais, as maneiras de sentir, as formas do pensamento enfim. 

Mas aquela teoria tinha ainda um certo mecanicismo e não correspondia de forma completa ao que ocorre no mundo real. A dialética tinha ainda, naquela formulação, algo mecanicista, repetindo de certa maneira o materialismo antigo, do século XVIII, criticado por Marx e Engels.

Lênin não se satisfez com o ponto a que havia chegado. Continuou a investigação, sobretudo a obra de Hegel e, nos anos anteriores à Primeira Grande Guerra, encheu alguns cadernos com anotações, entre elas o resumo que fez da Ciência da Lógica, de Hegel. Estes cadernos foram publicados depois de 1929 sob o título de Cadernos Filosóficos e neles pode-se ver como Lênin aprofundou sua compreensão sobre o processo de conhecimento e aprimorou a chamada teoria do reflexo. 

Na nova e mais avançada visão, Lênin registrou como as impressões do mundo real recebidas e registradas pelo cérebro são, por assim dizer, filtradas pelos conhecimentos que cada um já tem, e que condicionam as novas reflexões alcançadas. Por isso a verdade nunca é completa mas resulta sempre nesse inacabado processo de aproximações sucessivas entre o cérebro que conhece e o mundo objetivo que é examinado pela mente. Por isso o conhecimento é infindável!

Lênin, que viveu apenas 54 anos, foi um escritor voraz e suas obras completas são formadas por mais de 40 alentados volumes. Esta nota lembra apenas uma parte pequena de sua contribuição à dialética, ao pensamento materialista. Uma pequena parcela de sua contribuição à construção dos instrumentos conceituais necessários não só para compreender o mundo, mas principalmente para transformá-lo. E isso faz do estudo de sua obra, em nosso tempo, mais do que necessário - imperioso.


Do Portal Vermelho

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