segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Bancários nos EUA não têm direito a transporte nem a férias de 30 dias


Enquanto a pilhagem do setor financeiro imperialista espalha a especulação e destrói economias em todo o mundo, os trabalhadores colhem arrocho e desemprego. Essa situação não é diferente para os trabalhadores dos Estados Unidos, coração do capitalismo, onde leis impedem a negociação coletiva.


 
 

Um exemplo disso é a situação dos bancários norte-americanos. A categoria não tem direitos básicos assegurados a todos os trabalhadores brasileiros, por meio das negociações sindicais ou leis, como reajuste com reposição salarial, vale-transporte, 13º salário ou adicional de férias (só duas semanas por ano e não 30 dias como no Brasil), assegurados a todos os trabalhadores brasileiros por meio das negociações sindicais. Muito menos direitos como vale-refeição e alimentação e a participação nos lucros, garantida em convenção coletiva pelos bancários brasileiros.

Outro direito básico entre os trabalhadores brasileiros, a licença-médica remunerada, eles não têm. Como se isso não bastasse, os bancários norte-americanos ainda sofrem com o assédio moral.

“Essa situação ilustra muito bem a falta que faz um sindicato que negocie em nome dos trabalhadores”, afirma Rita Berlofa, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco.

Rita é uma das representantes da entidade na campanha para organizar os bancários norte-americanos, realizada junto com a Uni Global Union (sindicato global), a CWA (Communications Workers of America), CUT e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), além de várias organizações sociais estadunidenses como a Jobs With Justice (JWJ).

“Em uma economia globalizada, onde o capital não tem fronteira, problemas que atinjam trabalhadores em qualquer parte do mundo refletem sobre os demais. E no país que é o celeiro das ideias neoliberais, uma das principais economias do planeta e que concentra 1/3 dos trabalhadores do setor financeiro no mundo, a ausência de organização sindical é trágica para o restante dos trabalhadores. Daí a importância desse trabalho”, destaca a dirigente.

Rita Berlofa lembra a resistência ao movimento sindical naquele país. “Os gestores chegam a ameaçar chamar a polícia quando se tenta distribuir algum material de sindicato, e dirigentes são impedidos de entrar nos locais de trabalho”.

Rita ressalta ainda que a organização sindical não é importante apenas para garantir direitos a categorias específicas. “Os sindicatos também são fundamentais para estabelecer sociedades mais justas, mais igualitárias e mais democráticas. Para proteger os trabalhadores das barbáries do capital”.


Banco do Brasil na Flórida

A bancária cita a situação dos funcionários do Banco do Brasil na Flórida. Além de não receberem vales ou PLR, eles não possuem piso nem salários estabelecidos por função. Além disso, revelar os salários é proibido no banco, pois os reajustes, quando ocorrem, partem exclusivamente da decisão da diretoria, em geral baseados no bom relacionamento do funcionário com o gestor.

Fora o plano de saúde, que é elogiado pelos bancários, as demais condições são muito ruins. “Não têm reajustes ou perspectivas de crescimento, e os funcionários ainda são obrigados a se submeter a humilhações praticadas pelos gerentes. A grande maioria não toma qualquer atitude contra o assédio moral porque tem medo de perder o emprego. Além disso, não têm a quem se reportar ou pedir ajuda. A empresa disponibiliza um canal de reclamação, uma espécie de ouvidoria interna, mas ninguém usa, porque o sigilo não é respeitado”, relata o diretor do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil, João Fukunaga.

Ele conta ainda que muitos funcionários estão adoecendo. “Foram muitos os relatos de doenças por parte dos colegas e, na sua maioria, de origem psicossomática. Além do assédio moral a que são submetidos, eles passam cinco, seis anos sem aumento salarial e sem qualquer perspectiva de promoções”, completa.

O sindicalismo é arduamente combatido e pessoas consideradas “formadoras de opinião” são veementemente reprimidas e constantemente vigiadas. “A principal palavra que ouvimos ao longo dos dias que passamos lá foi medo. Medo de represálias, medo de isolamento, medo de mais humilhações e, o principal, medo de demissão”, denuncia.

Na busca de uma ação integrada para fortalecer a ação sindical, os dirigentes brasileiros conseguiram aglutinar um grupo de sete trabalhadores para começar um movimento de organização sindical. “Diante de condições tão adversas como as que encontramos lá, conseguir essas sete pessoas foi, para nós, uma grande vitória. Esses participantes não são diferentes dos demais funcionários, eles também têm medo. Alguns mais, outros menos, mas o fato é que todos, sem exceção, chegaram à mesma conclusão de que, do jeito que está, não dá pra continuar e de que algo precisa ser feito. E estão realmente dispostos a fazer o que for preciso para que essa mudança aconteça”, conta João. 

“Toda essa situação deixa muito claro: o enfraquecimento do movimento sindical sério e combativo é um grande negócio para os patrões”, conclui. 


Do Portal Vermelho, com informações do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco

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