sexta-feira, 3 de abril de 2015

QUAL É O TAMANHO DO SEU CIRCULO?


Dedé Rodrigues

Última parte.

A dinâmica vivenciada em cada sala de aula por Professores e alunos na Escola Arnaldo Alves Cavalcanti no final do mês de março,  por iniciativa da Igreja Católica nesta época da Páscoa,  foi  uma  reflexão muito importante para os dias atuais.  O fato de cada aluno ser provocado a desenhar um circulo e colocar o que ou quem dentro e fora dele e, em seguida, feito a leitura do texto  “Qual o tamanho de seu circulo”,  provocou um debate entre alunos e professores   sobre as relações do indivíduo no mundo atual que faço questão de descrever o que vi e ouvi opinando também sobre o resultado da dinâmica, que diz em parte: “Quanto maior o circulo, maior a pessoa. E quanto menor o circulo, mais mesquinha é a pessoa. A pessoa forte não tem medo de pessoas diferentes dela, a pessoa sábia a acolhe com prazer. Se nada mais sabe, ela sabe que os seres humanos não têm onde viver, a não ser na terra e, que se não quisermos morrer juntos, teremos que aprender a viver juntos”. Mais fotos do evento abaixo.

    
A leitura  do texto “ Qual o tamanho do seu circulo”? Aborda o quanto gastamos do tempo da nossa vida  mantendo as pessoas fora do nosso circulo e da nossa propriedade privada. Mesmo que a gente precise de nosso circulo particular, da nossa individualidade, o tamanho do nosso circulo tem  relação direta com a nossa visão de mundo. Aprendemos nesta sociedade capitalista a ser individualista, daí porque,   a maior parte dos nossos alunos não incluir nos seus círculos mais pessoas e mais valores humanos. Foram escritos por uma boa parte deles, dentro do circulo,  vocábulos como paz, amor, justiça, igualdade namorado(a), irmãos, família, etc. Fora do circulo estavam os inimigos, a falsidade, as brigas etc. 

Mesmo com a Irmã Luzitânia tendo trabalhado conosco a música dos Titãs que nos ensina que “é preciso saber viver” e , que,  “ toda  pedra do caminho você pode retirar,” não tem sido nada fácil  para pais, alunos e professores esta tarefa. Talvez esta realidade e a falta dos nomes dos professores na maioria dos círculos dos nossos alunos nos remeta a uma reflexão sobre a nossa prática pedagógica. Estamos ensinando os nossos alunos a pensar mais no coletivo ou no individualismo? Estamos ensinando mais a solidariedade e o  amor ao próximo, ou estamos ensinando só os conteúdos isolados do contexto social para que eles, na disputa por uma vaga no mercado de trabalho, possam derrotar os outros para conseguir um emprego? Estamos nos relacionando com eles com mais respeito ou estamos tratando os nossos  alunos com indiferença e até com arrogância? Exigimos deles os cumprimentos dos deveres, mas estamos respeitando todos os seus direitos constitucionais? Estamos ensinando a eles a cidadania ativa ou estamos   ensinando só a cidadania passiva, presa na teoria e distante da prática social? Talvez encontrando as  respostas para  estas questões a gente possa  melhorar a nossa prática pedagógica e elevar  a nossa a visão de mundo  e a dos nossos alunos, pois somos cidadãos do mundo e,  devemos está a serviço dele e do próximo.
É claro que o professor sozinho não tem como dar conta de tamanha tarefa de formar cidadão no mundo e para o mundo, por isto “Em meio às angústias, vitórias e lidas,no palco do mundo onde a história se faz, sonhei uma Igreja a serviço da vida, eu fiz do meu povo os atores da paz”. Quero uma Igreja  solidária, servidora e missionária que anuncia e saiba ouvir”. “ A lutar por humildade justiça e igualdade, pois eu vim para servir. (Mc. 10,45) “Os grandes oprimem, exploram o povo, Deus ama o pequeno e despreza o poder” .(cf, mc 10,42-45). Estas frases retiradas da Palestra sobre o Tema e o Lema da Campanha da Fraternidade de 2015,  mostram que há um esforço da Igreja Católica para nos ajudar a formar cidadãos do mundo preocupados com o próximo. Mas este poder dos grandes, vai além dos nossos governantes, aliás,  temos governantes no Brasil  que se encaixam também nestas preocupações. O problema maior,  a meu ver,  é o Império americano que vive de guerras em guerras no mundo atual. O poder mundial está nas mãos de poucas pessoas que mandam nos governos e nos países. Segundo pesquisa recente da Oxfan 1% de ricaços detém em torno de 50% da riqueza mundial. Como estão os outros 99%? Como podemos pensar em futuro sem mudar esta realidade mundial a partir do nosso país? E o mais importante:  o que estamos fazendo para mudar esta realidade mundial?

Na peleja de São Francisco “onde houver discórdia que eu leve a união”,  “onde houver erro que eu leve a verdade”,   Onde houver desespero que eu leve a esperança”, onde houver tristeza que eu leve a alegria e onde houver trevas que eu leve a luz”. Num mundo dividido em classes sociais por interesses de poder tão gigantesco, esta mensagem não atinge os magnatas do capital financeiro internacional. Afinal,  o deus deles é o dinheiro\capital investido nas bolsas de valores e altos investimentos especulativos a procura de lucros e mais lucros,  sem produzirem um pé de coentro e nem pagarem os impostos devidos e necessários.

Mas a esperança não pode morrer e, neste caso, precisamos ser parceiros da Igreja Católica progressista. Na música  A Paz ( Roupa Nova), também vivenciada pela Irmã Luzitânia, “É preciso pensar um pouco nas pessoas que ainda vêm”. “Nas crianças”. “A gente tem que arrumar um jeito de achar para eles um lugar melhor”.  “Para os nossos filhos e para os filhos dos nossos filhos”. “Deixe que este canto lave o pranto pra trazer perdão e dividir o pão”. “ Se o amor muda o que já se fez e a força da paz junta todos outra vez”. Venha já é hora de acender a chama da vida e fazer a terra inteira feliz”.   Nada mais urgente no sentido literal da palavra, mas é preciso sonhar e pensar nas novas gerações.  O difícil mesmo é esperar que a elite do topo da pirâmide econômica mundial se arrependa do mal que vem causando ao mundo, com guerras, misérias, violência, destruição do meio ambiente,  etc. Pedir perdão ao proletariado e,  pasmem senhores,  repartir o pão! Aí estaria  a solução de todos os nossos problemas terrenos. Mas isto a história tem mostrado que, a depender desta elite neste modo de produção capitalista, individualista, predatório e irracional, isto é utopia no sentido literal da palavra, é um sonho irrealizável.

No entanto, meus queridos leitores, a última música “Nova Civilização” fala de uma terra que não tenha mais fronteiras, mãos que unidas no mundo formarão uma corrente mais forte que a guerra e que a morte. Uma pátria mais justa e mais fraterna, onde juntos construiremos a unidade e ninguém é desprezado por que todos são chamados. Nós sabemos, o caminho é o amor”. Concordo plenamente que os trabalhadores precisam formar uma corrente forte que vença a guerra e a morte. Mas para isto é preciso uma ação mundial de povos e países contra as guerras do Império americano e contra a concentração absurda da riqueza nas mãos de pouco. Penso que não existe prova de amor maior pelo irmão do que  lutar para mudar este poder imperial que nos oprime.

Quanto ao país, penso também que estamos construindo um  outro Brasil que caminha nesta direção, apesar das dificuldades momentâneas que o governo Dilma está enfrentando. O problema agora para que “ninguém seja desprezado”, é que no Brasil há uma elite conservadora que despreza os pobres e os nordestinos. Pior do que isto, ela  quer a volta da ditadura militar. Ela quer derrubar a presidenta para tentar fazer  a roda da história voltar para trás. Nem o pouco de “repartição do pão”  que se conseguiu com Lula e Dilma ela aceita.  Diante disto, só resta para os cristãos progressistas, as pessoas de bem, os democratas, os comunistas, os socialistas e os liberais enfrentar esta parada que ocorre atualmente pela  luta luta de ideias nas redes sociais e nas grandes mobilizações de ruas. O amor passivo,  por mais importante que ele seja, o perdão para uma elite que não quer nem saber de religião,  não mudará a nossa realidade. A elite branca da “Avenida  Paulista” detesta a democracia, a justiça social e os pobres.

 O Brasil, ao contrário de retroceder como quer a direita reacionária, precisa avançar com mais democracia e mais mudanças estruturais como  prega a esquerda consequente.  Precisamos reformar a política para acabar com a corrupção generalizada. Precismos reformar a terra para atender milhões de sem terras. Precisamos  desconcentrar e reformar a mídia para que ela cumpra um papel educativo que reforce os nossos valores cristãos e humanos. Precisamos de uma reforma tributária que cobre imposto também dos que tem mais, daqueles que vão para a Avenida Paulista pedir o retrocesso político, pois hoje quem  mais paga imposto é o consumidor.  Enfim,  precisamos destas e de outras reformas estruturais para que o amor saia das nossas bocas e faça parte realmente das nossas vidas.  Para que fora do nosso circulo seja escrito tudo que atrapalha este novo mundo e este novo país e dentro dos nossos círculos caibam,  não só os cristãos e a humanidade, mas todo o planeta terra que corre o risco de ser extinto no capitalismo.         





























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