segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Pesquisa: Maioria da população não confia no Judiciário e na Polícia


Foto: Reprodução/Internet

Dados de uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que apenas 32% da população confia no Poder Judiciário e 33% confia na polícia. Apesar de baixos, esses índices já foram menores - 29% e 31% respectivamente - em pesquisa anterior. Entretanto, os números de desconfiança revelam que a maioria da população brasileira não confia no Judiciário e na Polícia.


O levantamento mostra ainda que a ruptura entre os cidadãos e as instituições públicas ligadas à Justiça leva 57% da população a acreditar que “há poucos motivos para seguir as leis do Brasil”, segundo o levantamento. “Isso está relacionado à desconfiança que as pessoas têm no comprimento das leis”, explica a pesquisadora da FGV Luciana Ramos.

A desconfiança diante das instituições públicas do país faz com que 81% dos brasileiros concordem com a afirmação de que é “fácil” desobedecer as leis. O mesmo porcentual de pessoas também tem a percepção de que, sempre que possível, as pessoas escolhem “dar um jeitinho” no lugar de seguir as leis.

O Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil) está em sua 8ª edição. Ele faz parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A pesquisa ouviu 7,1 mil pessoas em oito Estados, de abril de 2013 a março de 2014. Os entrevistados foram convidadas a assinalar desde “discordo muito” a “concordo muito” nas afirmações propostas.

Os moradores do Distrito Federal foram os que mais disseram acreditar na saída do “jeitinho” como regra nas relações. No total, 84% dos brasilienses disseram concordar ou concordar muito com a afirmação. Quem menos acredita no desrespeito às regras são os baianos, mas ainda assim, a porcentagem é alta: 71% deles responderam que concordavam com a percepção de que todos dão “um jeitinho”, sempre.

A pesquisa também fez um corte por renda. E, quanto maior o rendimento da pessoa, mais alta é a sensação de que as leis não são cumpridas. De acordo com o estudo, 69% dos entrevistados que ganham até um salário mínimo concordaram que o “jeitinho” é a regra, porcentual que cresce para 86% na população que ganha mais de oito salários mínimos.

Já sobre a polícia, a renda não influencia a má avaliação. Entre as pessoas que ganham até um salário mínimo, 52% concordam que “a maioria dos policiais é honesta”. Para quem ganha oito salários ou mais, o porcentual é de 50%.

A pesquisadora Luciana, no entanto, lembra que nem Justiça nem polícia são bem avaliadas. “Se a polícia faz algo muito errado, isso reflete rapidamente na população, na confiança que se tem da polícia. No Judiciário, como as coisas são muito mais demoradas, esse erro demora mais, não tem reflexo imediato na confiança. Em minha opinião, acho que isso é o que conta.”

Censo entre a polícia

As forças de segurança pública no Brasil precisam passar por um processo de reorganização para se tornarem mais eficientes. É o que afirmam os próprios agentes, de acordo com a pesquisa “Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública” – realizada pela Escola de Direito de São Paulo, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).

Entre os mais de 21 mil entrevistados, 73,7% apoiam a desvinculação ao Exército, 93,7% querem a modernização dos regimentos e códigos disciplinares de acordo com a Constituição Federal de 1988 e 63,6% defendem o fim da justiça militar. “Se considerarmos apenas os policiais militares, 76,1% defendem o fim do vínculo com o Exército – o que é um sinal claro de que o Brasil precisa avançar na agenda da desmilitarização e reforma das forças de segurança”, afirma o pesquisador do Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada de Direito SP e vice-presidente do Conselho de Administração do FBSP, Renato Sérgio de Lima. 

A pesquisa ouviu 21.101 policiais, da Polícia Militar (52,9%), Polícia Civil (22%), Polícia Federal (10,4%), Corpo de Bombeiros (8,4%), Polícia Rodoviária Federal (4,1%) e Polícia Científica (2,3%), entre 30 de junho e 18 de julho deste ano.

Gastos com segurança

Além disso, pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (Ipea) e divulgada nesta segunda-feira (10) pelo jornal "O Globo" aponta que a violência custa R$ 258 bilhões no Brasil, o equivalente a 5,4% do Produto Interno Bruto do país.

A maior parte do valor está relacionada ao custo social da violência – que inclui despesas com mortes e gastos com saúde – um total de R$ 192 bilhões no ano passado. 

O cálculo do custo da violência reúne também os gastos com prisões e unidades de medida socioeducativas (R$ 4,9 bilhões) e com segurança pública (R$ 61,1 bilhões). Considerando as despesas da União, dos estados e dos municípios, houve um incremento de 8,65% em relação ao ano anterior.

Com informações do Estadão e agências
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